astrespiramides

astrespiramides

sexta-feira, 29 de junho de 2012



Descalcei os sapatos
para não acordar a chuva
que osculava a janela
do meu quarto,
e descalça em pontas dos pés
sorrindo como uma criança
corri para o jardim
e cheirei a terra molhada,
olhei o céu
e este brilhou para mim
senti que nunca estive sozinha
então abri os braços
e abraçada ao Universo
dancei o Bolero de Ravel

Poema e fotos-Luna  

sexta-feira, 22 de junho de 2012



Dia após dia
e o tempo passa
e passam os passos
no desconforto
das chagas do tempo ,
espinhos incrustados nos pés
burilados no desproposito
de quimeras sem oferendas,
mas a orbita do olhar
continua a traçar as asas soltas
da liberdade desmedida
dada por direito a cada ser
na clarividência da eternidade.

Poema e fotos de Luna


segunda-feira, 18 de junho de 2012



Podia falar
de olhos infelizes
e das lágrimas derramadas
no mar da aflição,
podia até escrever
sobre nuvens sombrias ,compassivas,
no corpo andrajoso de uma mulher,
e mentiras conspurcadas, vícios, lascivas,
mesmo de falsas amizades
que sugam o sopro vital.
Mas não…
prefiro falar
dos sonhos, da esperança,
dos caminhos não percorridos,
dos mistérios ainda por desvendar,
do sorriso verdadeiro
que irradia o nosso olhar,
do amor que podemos dar
fazendo-o desabrochar como uma flor.

Poema e fotos Luna

quarta-feira, 13 de junho de 2012



É nas vielas sombrias
que as vidas moribundas
vivem sem viver
ruas escuras
passeios escorregadios
onde os saltos gemem
no silêncio da dor
janelas rasteiras ao chão
escutam as mentes escorregadias
reféns na gruta do medo
esperando que o sonho
renasça ao amanhecer.

Poema e fotos Luna

domingo, 10 de junho de 2012



Existem momentos
em  que a inutilidade das palavras
são como uma espada enferrujada
numa batalha que não terminou
aí os silêncios imperam
e são as armas de paz
de uma guerra que findou.

Fotos e poema -Luna

quinta-feira, 7 de junho de 2012


Adentrei-me no bosque
ritmado do amor
sucedâneo do diáfano sentir
entre murmúreos complexos
a folhagem afagava a acalmia das águas
onde pontes cruzavam
as janelas  da vida.

Fotos e poema-Luna




domingo, 3 de junho de 2012



Olhei-te de longe, e vi-te,
Chamam-te pedra, fraga, rochedo,
ser inanimado, sem vida sem sentir,
mas ainda que pensem assim
tu sabes que não é essa a verdade
pois sentes o sopro do mar,
os ventos ciclónicos tocarem teu corpo
arrancarem pedaços da tua pele,
os teus olhos veem o tempo que passa
nas  casas que se constroem e se desmoronam
assim como os homens
que vão nascendo e, se aniquilando,
mas tu manténs a tua imponência,
sem orgulho, sem vaidade,
sem revolta, sabendo
quer um dia te transformarás
num simples grão de areia levado pelo vento,
ainda assim serás parte de um todo
um pouco de vida rolando no tempo

poema e fotos -Luna